quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pedreira admite

Hoje recebi um mail que fala acerca da avaliação docente. Confesso não ter percebido muito bem pois o texto não é muito claro mas, partilho convosco. Aparentemente, em fim de mandato, o Secretário de Estado admite que o principal objectivo era, como todos que conhecem a lei e os moldes em que se encontra a ser aplicada, impedir ou retardar a progressão na carreira de uma grande falange dos professores.

'Caiu a máscara, finalmente
Jorge Pedreira desvenda mistério da avaliação dos professores
.
Jorge Pedreira admitiu, hoje, o óbvio: a Avaliação do Desempenho não tem por objectivo cimeiro aumentar a qualidade da oferta educativa das escolas e, muito menos, promover o desenvolvimento profissional dos docentes. Nas palavras do Secretário de Estado (que é Jorge mas que de educação nada percebe) apenas visa contribuir para a redução do défice público. -- Eureka!
O enigma da má-fé ministerial fica finalmente revelado.
No fórum da 'TSF' da manhã de hoje, Pedreira, justificou os motivos pelos quais o ME discorda da proposta de António Vitorino em adiar a avaliação e testar-se o modelo preconizado pelo M.E. em escolas piloto durante um ou dois anos.
Pedreira (o Jorge, que até é secretário da ministra Lurdes), confessou o politicamente inconfessável: '*Terá de haver avaliação para que os professores possam progredir na carreira e assim possam vir beneficiar de acréscimos salariais*' (sic).
Ou seja, aquilo que hoje se discute no mundo ocidental (democrático e desenvolvido, como rotula mas desconhece a 'primeira ministra'), gira em torno da dicotomia de se saber se a avaliação do desempenho
docente serve propósitos de requalificação educativa (se para isso directamente contribui) ou se visa simplesmente constituir-se em mais um instrumento de redução do défice público.
Nesta matéria, Pedreira (o tal que é Jorge e ao mesmo tempo teima em ser secretário da ministra que também parece oriunda de uma pedreira), foi claro: *Importa conter a despesa do Estado com a massa salarial
dos docentes *; o resto (a qualidade das escolas e do desempenho dos professores) é tanga(!!!).
Percebe-se, assim, por que motivo este modelo de avaliação plagia aquele que singra na Roménia, no Chile ou na Colômbia. Países aos quais a OCDE, o FMI, o *New Public Management* americano, impôs: *a desqualificação da escola pública em nome da contenção da despesa pública*; Percebe-se, assim, por que razão a ministra Maria de Lurdes (que tem um secretário que, como ela, também é pedreira) invoque a Finlândia para revelar dados estatísticos de sucesso escolar e a ignore em matéria de avaliação do desempenho docente.
Percebo a ministra pedreira: não se pode referenciar aquilo que não existe. A Finlândia, com efeito, não tem em vigor qualquer sistema ou modelo formal e oficial de avaliação do desempenho dos professores!
Agradeço à pedreira intelectual que grassa no governo de Sócrates (que por acaso não é pedreiro -- até é engenheiro), finalmente nos ter brindado com tão eloquente esclarecimento. Cito-os: *A avaliação dos Docentes é mais um adicional instrumento legislativo para combater o défice público (!).
Obrigado, Srs. Pedreiras, pela clarificação do óbvio.
*P. S. - Passem a palavra e não queremos acordos!!!*'

7 comentários:

© disse...

coisas do demo.
meanwhile, aguentemos... o obvio.

Sofizita disse...

Mau demais... se isto chegasse ao "povo" poderia servir para limpar a imagem dos professores. Pois quando os professores lutavam contra este modelo de avaliação, a ideia que passava para o resto do mundo, é que os professores não queriam ser avaliados porque não fazem nada, não que não concordavam com este modelo de avaliação.
Lembrei-me agora, estas notícias não são as que passam e posso afirmar isto porque eu não sabia destes fantásticos comentários.

ZaniNE disse...

Independentemente da incompetência inegável e indescutível da Sra. e seus colaboradores, da ineficiência do novo sistema de avaliação imposto e das injustiças (...), acredito (e desculpa porque sei que te afecta) que era já inadiável uma reforma educativa.

Claro que noutros parâmetros, alguns professores (e conheço uns que sabem admitir) ganhavam bem demais para quem trabalhava 6h/dia com férias alargadas e trabalho facilitado por testes, trabalhos e sebentas que só faziam uma vez na vida, e iam passando de ano para ano, sem actualizações.

Reformas de 1500 €? Há que destribuir a riqueza...

Beijoquinha e quero deixar claro que aceito contraditório! :P

Icon disse...

Menina Zanine: Antes de mais, deixa-me corrigir-te. As reformas de que falas de 1500€ apenas existem na tua cabeça...
O normal é entre 2200 a 2500 euros.
convido-te a dar uma vista de olhos nisto: http://www.cga.pt/PubDR/200706.pdf
Apenas não atingem estes valores, professores que não têm a reforma apenas paga pela CGA porque trabalharam noutros sítios, que nunca se profissionalizaram, que têm poucos anos de serviço, que se reformam antecipadamente e coisas desse género.
Não acho este valor assim tão exorbitante. Está de acordo com aquilo que se ganha em vida.
Diga-se de passagem que eu acho que os professores em Portugal são mal pagos. Não em fim de carreira porque isso não me interessa pois devido às alterações que têm sido introduzidas eu nunca lá vou chegar.
Porque são mal pagos? - podes perguntar tu. Ora, nós podemos não contribuir directamente para o PIB nacional mas é esta massa de "incompetentes mais bem-pagos do país", como o querido o MST nos denominou, que formam toda a gente que vai contribuir para o desenvolvimento nacional.
Claro que há muita gente incompetente. Mas não é esta avaliação que serve para retirar essas ervas daninhas do sistema. Esta, é apenas para poupar algum. O pensamento foi: Colocamos um funil que só deixa entrar e progredir na carreira alguns, independentemente de serem bons ou mãos.
Para dizer a verdade a raiz de todo o mal, nem está nesta avaliação. Está no Estatuto da Carreira Docente que se encontra agora em vigor em que, basicamente, deram cabo da carreira docente quando podiam ter, como dizes, distribuído a riqueza.
De que forma? Simples. Em vez de recebermos uma pipa de massa por mês quando já trabalhamos '6h por dia e temos férias alargadas e trabalho facilitado por testes, trabalhos e sebentas que só faziam uma vez na vida, e iam passando de ano para ano, sem actualizações' distribuiam o dinheiro que ganhamos durante a carreira por toda a carreira em vez de esperarem que cheguemos a velhos.
Mas não. O melhor é deixar assim e impedi-los de lá chegarem.

Icon disse...

É preciso desmistificar algumas coisas. Primeiro isso de que falas e que eu transcrevi e que é ideia geral, não acontece hoje em dia. Posso dizer-te que, mesmo os profs mais velhos, hoje em dia são obrigados a passar, pelo menos, 22h na escola. Ou em aulas, ou em apoios, ou em qualquer outra coisa. O resto, das 35h que constituem o nosso horário semanal, é, por vezes, passado em reuniões, ou a trabalhar em casa. Se não o fazem olha, azar! Eu tenho muitos amigos que também passam horas e horas no escritório a falar no messenger e a actualizar o blog e a jogar joguinhos e... Eu, durante aulas e reuniões não posso fazer essas coisas...
Os mais novos, que não têm ou não querem ou não gostam de usar as coisas do ano anterior, muitas vezes dormem uma média de 4h por dia. Durante todo este 3º período, foi o que me aconteceu porque, eu sou incompetente e gosto de pensar muito nas coisas que faço e de pensar se faz sentido pedagogicamente e se irá funcionar com aquela turma e mais o diabo a quatro... Eu tenho coisas de anos anteriores, e em todos os anos pego nelas. Invariavelmente, acabo por perder mais tempo do que se fizer de raiz. Altera coisinha aqui, altera coisinha ali. Não gosto deste exercício, tenho que arranjar outro... E, afinal gostava mais daquele, mas agora já encontrou e aquilo já não faz sentido... Bem, é um caos diário de papéis e janelas abertas no computador. E depois discuto com alguns colegas, o que acham do que tenho, como fizeram eles.
E agora, perguntas-me: quanto ganhas tu por moldar as mentes do futuro da nação e dormir 4h por noite?
e eu respondo-te: 1100€ brutos por mês!
que é o que vou ganhar nos próximos 8 ou 12 anos porque até lá não entro para os quadros. 8 ou 12 anos esses em que vou andar a saltar de escola em escola, de terra em terra por esse país fora, todos os anos com gastos em casa, viagens e outras necessidades básicas que me vão permitir juntar um belíssimo pé de meia... ou não!
Ah! E depois querem que eu me case e tenha filhos... sim, sim... claro!
Assim, digo-te a reforma do sistema educativo devia ter sido feita. Mas, em prol dos professores e dos alunos. Nunca com vista a reduzir o gasto com a educação no orçamento de estado. Para isso, que não se metam a gastar dinheiro com programas que não são fulcrais como o e-escolas, o magalhães e sei lá bem mais o quê.
É tudo para inglês ver, literalmente.

Icon disse...

Serve de contraditório?
Está um texto confuso e pouco claro... mas é o que se arranja assim em tão pouco tempo... é que, tenho de continuar a trabalhar, pq hoje de manhã deixei-me dormir e já estou atrasadíssimo... embora tenham acabado as aulas das crianças eu continuo com imenso para fazer e prazos para cumprir.
Já agora, amanhã vou a uma reunião onde devo receber cerca de 45 exames para corrigir. Sabes quanto me pagam para o fazer? 0€
Mas eu tenho férias alargadas...

se fui agressivo em algum momento, quero dizer-te desde já que não foi minha intenção mas, às vezes, irrito-me com a opinião alargada de que os profs não fazem nenhum. Dá-me vontade de pôr essas pessoas nos meus sapatos durante 2 dias. uma aulita com o meu ex-9ºF e estavam a dizer-me que nós somos é muito mal pagos para o que fazemos e aturamos...

Beijo ;)

Sofizita disse...

Just ;)